domingo, 29 de junho de 2014

5ª Postagem - Transição Nutricional: da Subnutrição à Obesidade

Doença perigosa, crônica, a obesidade atinge milhões de indivíduos ao redor do mundo. Sendo característica de países ricos, ganha cada vez mais espaço em países em desenvolvimento, como o Brasil. Por ser muita perigosa, é preciso que se aprenda a se prevenir e tratar a obesidade de forma eficiente. 
Nos Estados Unidos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, o número de casos de obesidade dobrou, sendo que 30% da população tem sobrepeso, 15% são obesos e 3% são obesos mórbidos, assim 48% dos indivíduos estão acima do peso. Portanto, perde em mortes prematuras apenas pelo fumo, atingindo o nível de 300 mil mortes por ano apenas nos EUA. 
Mas nesse post, a atenção é com os países em desenvolvimento. Algum tempo atrás, a preocupação desses Estados era com os elevados níveis de subnutrição, que no Brasil caiu ao longo desses 20 anos de forma drástica, porém com um aumento no sobrepeso, dessa forma o país vem substituindo rapidamente o problema da escassez pelo excesso. 
Tal fato decorre das mudanças nos padrões nutricionais, correlacionadas com alterações socioeconômicas, demográficas e entre outros. No século XX, a dieta era bastante baseada em alimentos ricos em gorduras em contradição a fibras e carboidratos complexos. Estes últimos, ao contrário dos carboidratos simples, são digeridos ou assimilados mais lentamente pelo organismo e, como consequência, a sensação de saciedade se prolonga por mais tempo. 
Como já apresentado em outros posts, a renda e escolaridade influenciam a obesidade. Uma pesquisa da especialista Ana Lúcia Medeiros de Souza, para a dissertação de mestrado da Faculdade de Saúde Pública de São Paulo mostrou que esse fato é mais perceptível em relação com as mulheres, e é nelas que o problema é mais visualizado, decorrente da pressão social e pelo culto a beleza.  
http://www.obesidadenobrasil.com.br/img/grafico3.gif
Na pesquisa, na Região Nordeste os resultados foram parecidos aos dos países subdesenvolvidos, em que a obesidade cresce paralelamente a renda e a escolaridade. Assim, nessa região, os obesos se destacam nas classes mais altas, por terem um maior acesso a alimentação, enquanto, os pobres ainda se localizam na fase de subnutrição, pois suas rendas são tão baixas, que o acesso a muitos alimentos é quase inexistente, principalmente os da "moda", os famosos fast foods, que são hoje um dos propulsores da obesidade. 
 Contudo, na Região Sul, os resultados foram opostos, em que a obesidade cresce quando menor é a renda e a escolaridade, situação parecida com os países desenvolvidos. Essa observação, é explicada, porque nessa região os indivíduos mais ricos procuram se alimentar mais corretamente e praticar exercícios físicos, afim de atingir o ideal de beleza exigido pela sociedade. 

quarta-feira, 25 de junho de 2014

4ª postagem - Obesidade na Infância e a Pobreza

Nos últimos anos o Brasil viveu um aumento na renda das famílias mais pobres, e com isso indivíduos da classe E e D passaram a fazer parte da classe C. Esse aumento de renda possibilitou um acesso maior a alimentação, em que muitas vezes é baseado em produtos industrializados. Uma faixa etária que sofre com essa nova situação é a das crianças, pois cada vez mais se alimentam de forma inadequada. Decorrente em parte sobretudo a um aumento de poder aquisitivo dos pais, que são influenciados a comprar alimentos "famosos", que mostrem que estão com mais dinheiro, por exemplo o Fast food de famosas marcas globais. 
Pois bem, como o post pretende mostrar a obesidade infantil nessa nova situação, convém apresentar alguns dados; nos últimos 20 anos na Região Nordeste (marcada por sua extrema pobreza e desigualdade social) ocorreu um aumento de 4% na obesidade, de acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e da Associação Brasileira para Estudos da Obesidade (Abeso). Estudos também mostram que a maioria das crianças obesas não tem doença bem determinada que justifica o aumento exagerado da sua adiposidade. 
Mas, alguns fatores pré-natais podem estar relacionados, principalmente na classe pobre, que possuem um acesso mais difícil na realização de pré-natal. Sabe-se, por exemplo, que a exposição da mãe à desnutrição e à hiperglicemia em período de gestação pode influenciar na "programação" das características metabólicas que irão manifestar-se na vida adulta. Portanto, qual a classe social em que a desnutrição e hiperglicemia são mais predisposta a ocorrer ? A pobre, devido ao acesso mais difícil a saúde e uma alimentação balanceada. 
Outro fator é um difícil acesso a educação pela classe mais pobre, assim os pais são mais predispostos a sofrerem influência dos meios de comunicação e propagandas de alimentos industrializados, que mostram inúmeras crianças felizes em suas publicidades. 
Para terminar, é importante frisar as consequências da obesidade na infância: estima-se que 10% a 30% das crianças obesas tenham hipertensão; além de um elevado nível de "colesterol ruim" (LDL) e triglicerídeos. Sendo que LDL é uma lipoproteína que transporta colesterol e triglicerídeos do fígado e intestino delgado às células e tecidos que estão necessitando destas substâncias, assim aumenta o nível dessas substâncias no sangue, aumentando o risco de doença cardiovascular. Além do importante impacto psicológico: discriminação, apelidos, dificuldade de se relacionar, baixa auto-estima, isolamento social, comprometendo a escolaridade e os relacionamentos afetivos. 

sábado, 7 de junho de 2014

3ª Postagem - Pesquisa do IBGE sobre Alimentação X Renda per capita

Nessa nova postagem vamos continuar falando sobre o papel determinante que a alimentação da classe mais pobre tem no aumento da obesidade. Uma pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) observou a prevalência no consumo alimentar e a renda per capita. 
Vamos aos resultados e as conclusões:

  1. Na pesquisa ficou claro que a classe mais pobre tem um alto consumo de carboidratos, assim garante um suprimento bastante grande de energia, já que essas são as principais moléculas energéticas. Os alimentos mais consumidos foram: arroz, feijão e batata. Enquanto a classe mais rica, consome menos esses alimentos, mas possui um consumo exagerado de batata frita. Mesmo sendo importantes para o funcionamento normal do corpo, o consumo exagerado de glicídios contribui para a obesidade, porque quase tudo que comemos vira glicose, que em excesso é armazenado em forma de glicogênio pelo fígado, mas o corpo também pode transformar a glicose em excesso em ácido graxo. E como já foi dito em outro post, os ácidos graxos se convertem em triglicerídeos, que são armazenados nos tecidos adiposos, onde fica a "gordura". 
  2. Outro ponto relevante na pesquisa foi o baixo consumo de frutas, legumes e verduras pela classe pobre, que como explicado na publicação anterior,  pode está relacionado a um processo cultural, já que muitos indivíduos pensam que esses alimentos não são suficientes para "acabar a fome". Contudo, na realidade essa é uma ideia errônea, já que frutas, legumes e verduras possuem muitas fibras, que são grandes promovedoras da saciedade. Mas o que são fibras? São partes não digeríveis dos alimentos de origem vegetal, elas promovem saciedade, porque absorvem água e formam géis, que permanecem mais tempo no estômago. Portanto, o baixo consumo de alimentos vegetais pode possibilitar a chance de ter obesidade. 
Assim, provamos novamente que a pobreza é fator relevante para o surgimento da obesidade, no próximo post iremos comentar um pouco sobre as consequências que essa terrível doença pode causar no corpo,
 destacando-a como um problema de saúde publica e que problemas traz a uma população que já é mais suscetível a doenças. 

Fontes:
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2008_2009_analise_consumo/tabelas_pdf/tab_1_8.pdf
http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2008_2009_analise_consumo/defaulttab_pdf_alimentos.shtm
http://www.scielosp.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-790X1998000100004&lang=pt
VOET, D.; VOET, J.G. Bioquímica. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006