terça-feira, 29 de julho de 2014

8ª Postagem - A estratégia da Saúde da Família no combate a Obesidade

Já foi citado ao longo das postagens o porquê do aumento da obesidade na classe pobre, cabe agora explanar um pouco sobre o papel da atenção básica no tratamento dos obesos pobres. 
O acréscimo no número de casos de portadores de doenças não transmissíveis no Brasil requer um modelo de atenção a saúde com ações no tratamento e prevenção dessas patologias. Entre elas se destaca a obesidade, não apenas pelo aumento no número de casos, mas também decorrente pelo fato de ser fator de risco para outras inúmeras doenças. 
Existe um sistema nacional de diagnóstico coletivo da situação nutricional da população, é o SISVAN - (Vigilância Alimentar e Nutricional),que monitora o nível da alimentação da sociedade, sendo uma importante ferramenta na prevenção e controle de diversas doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes e  hipertensão arterial. Cabe aos médicos e outros profissionais da saúde básica um acompanhamento desses dados, a afim de melhor entender como anda a saúde pública do país.
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A saúde básica tem como objetivo principal a promoção da saúde, que deve está sustentada por três pontos: incentivo, proteção e apoio. Um obeso normalmente sofre discriminação e é comumente marginalizado da sociedade, cabe aos profissionais apoiarem e incentivarem que essas pessoas não desistam e que continuem o prosseguimento do tratamento.
Em relação ao tratamento dos obesos é necessário que os profissionais estejam envolvidos além da procura por uma mudança nos hábitos alimentares dos doentes, mas que entendem toda a rotina e vida do paciente, pois o objetivo é uma mudança em relação ao comer, ao viver, ao corpo. Ou seja, é a procura por uma mudança no estilo de vida. Pois o estado nutricional também tem uma influência do estado psicossocial referentes ao trabalho, cultura, renda, relações familiares e etc. Ou seja na procura por um tratamento adequado é necessário relacionar fatores biológicos, psíquicos e sociais. 
A importância da saúde básica também está na criação de um vínculo, pois os obesos procuram encontrar profissionais que tenham uma relação afetiva, atenciosa, que saiba escultar suas queixas. Quando o paciente confia e conhece o especialista, ele tende a concluir o tratamento, além de lhe confiar aspectos pessoais de sua vida, que são importantes na busca por uma cura adequada. 
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Assim, a saúde básica é ponto fundamental no tratamento de obesos, através de programas como Saúde da Família, principalmente para a classe mais pobre, que necessita de atendimento de saúde público. Todos os fatores citados na postagem promovem uma mudança radical na vida do paciente, na busca por qualidade de vida, evitando diversas outras doenças que são altamente preveníveis. Pois deve ser sempre prioridade a prevenção em oposição a remediação. 

Fonte: 
https://www.nestle.com.br/nestlenutrisaude/Conteudo/diretriz/Atencao_obesidade.pdf

sábado, 12 de julho de 2014

7ª postagem - Obesidade entre pobres: Porque as mulheres são mais vulneráveis ?

As atuais pesquisas deixam claro que atualmente a incidência da obesidade não só tem diferenças sociais, como de gênero.
Entre os homens, a obesidade se apresenta igualmente em todas as regiões do país e crescer de acordo com o aumento da renda e da escolaridade. Assim, as regiões mais ricas do país possuem maiores índices: Sudeste (9,8%) e Sul (9,7%).
Já para as mulheres os dados não são os melhores, além dos índices de obesas terem aumentado, está ocorrendo uma transformação nas classes e locais onde existe essa maior prevalência. Dessa forma, o Nordeste teve um aumento brusco, enquanto as demais regiões permaneceu constante ou teve um baixo aumento. Em relação as classes sociais, a rica teve um aumento de 9,7% para 11,8%, e a mais pobre de 10,7% para 13,7%. Fica claro, assim, que existe uma vulnerabilidade a mulher ser obesa, quando esta é pobre e de baixa escolaridade.
Cabe ressaltar, que a Região Nordeste, por sua profunda desigualdade social, continua sendo o local em que essa observação é mais predominante, devido as altas de taxas de pobreza e baixa escolaridade, por exemplo, a alfabetização atinge valores de 21,9%, enquanto a Região Sul esses valores são 5,9%.
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E quais são os motivos das altas taxas de obesidade feminina entre pobres?

  1. A existência de grandes diferenças salariais entre homens e mulheres: que  determina que estas sejam submetidas a longas horas de trabalho, para que atingem o salário masculino. Além da dupla jornada de trabalho, visto que fazem tarefas domésticas mais que os homens. Isso determina menos tempo para que cuidem de si mesmas. Impossibilitando, por exemplo, a prática de exercícios físicos.
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  2. A valorização social feminina e sua repercussão na alimentação: as mulheres muitas vezes sacrificam sua alimentação em favor dos demais familiares, então alimentos mais saudáveis são muitas vez destinados aos filhos, a exemplo de frutas. Elas próprio se justificam afirmando que os filhos necessitam mais de nutrientes, pois estão em fase de crescimento. 
  3. Os aspectos emocionais: a vida "dura" imposta pelo pobreza, a necessidade de conseguir dinheiro para sustentar os filhos são poucos entre  milhares de problemas que uma mulher pobre tem que se debater todo dia. Dessa forma, surge a fome emocional, em que ela procura comer para apaziguar sentimentos, em que o alimento supre a angústia de uma vida sofrida.
 Para reverter todo esse caso é necessário inúmeros fatores, pois como se viu, o problema está além da falta de uma alimentação saudável, sendo assim, é necessário uma mudança social, que dê as mulheres mais inclusão, garantido igualdade de salários, através de políticas de geração de emprego e renda. Além de políticas públicas de saúde, que acompanhe as obesas e as possibilite qualidade de vida.

Fontes:
http://www.scielosp.org/pdf/csc/v16n4/v16n4a27.pdf
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/59/59137/tde-11082011-163936/pt-br.php

sábado, 5 de julho de 2014

6ª postagem - Obesidade e as Políticas de Transferência de Renda

A postagem de hoje vai tentar explicar se existe alguma relação entre políticas de transferência de renda - bolsa família - e a obesidade na classe mais pobre. Como explicado no post passado, o Brasil passou por um processo de transição nutricional, em que o elevado número de desnutridos está diminuindo e  o de obesos aumentando. Também é importante frisar que nas últimas décadas várias famílias pobres tornaram-se beneficiárias do Programa Bolsa Família (PBF), que é atualmente o maior programa de transferência de renda do mundo. 
Já se sabe que o nível econômico, as condições de moradia, a disponibilidade de alimentos e o acesso à informação são fatores que interferem no peso corporal. Países subdesenvolvidos e em desenvolvimento possuem ainda um problema no acesso a alimentação pela classe pobre, assim a obesidade é mais comum nas classes mais pobre, já os países desenvolvidos a obesidade é comum nos pobres, pois as classes ricas possuem mais acesso a informação e a prática de exercícios físicos. 
Relatórios que mostram o êxito do PBF afirmam que 91% das famílias atendidas no Nordeste gastam mais dinheiro do benefício em alimentação, sendo que todos os grupos alimentares tiveram aumento em seu consumo, principalmente açúcares e alimentos de alto teor calórico, que promovam sensação de saciedade e mais energia. E os alimentos menos consumidos são leites e seus derivados, esse fato pode acarretar problemas de deficiência de cálcio, que está relacionado com a formação estrutural de ossos, na coagulação do sangue e contração muscular. 
Assim, o PBF aumentou as rendas das pessoas pobres, que usam o dinheiro para alimentação, só que por falta de informação as pessoas se alimentam mal. Por exemplo, alimentos com maior qualidade nutricional, como frutas e verduras possuem valor elevado para os pobres. E em relação as crianças, a merenda escolar é baseada em alimentos de alto poder calórico, que são ricos em carboidratos (macarrão, pão, batata, arroz).
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Mas não se pode relacionar o PBF apenas como fator gerador dessa nova "cara" da obesidade, pois o Brasil passou por uma crescente queda na taxa de desemprego, que também aumenta a renda das famílias. Convém também destacar que não só o aumento da renda que determina o surgimento da obesidade, ele tem que está relacionado a falta de informação, fator esse bastante importante no combate a essa nova doença nas classes pobres.
Assim, é preciso além de informação, acompanhamento dessa população por parte de profissionais de saúde, dessa forma, é importante a valorização à assistência básica, através de programas como a Saúde da Família, em que se acompanhe os obesos e procure restabelecer sua saúde, afim de evitar outras doenças crônicas não transmissíveis, como a obesidade, com ênfase no manejo alimentar e nutricional.
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Fontes:
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-05822011000400010&script=sci_arttext
http://www.todabiologia.com/saude/calcio.htm
http://dab.saude.gov.br/atencaobasica.php